Mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) experimentam estresse crônico comparável a soldados em combate
Embora a paternidade, em geral, possa ser estressante, mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) experimentam estresse crônico comparável a soldados em combate.
Toda mãe, pai e cuidadores enfrentam muitos desafios na criação de crianças e adolescentes. Porém, as mães de crianças e adolescentes com TEA podem ter uma gama de desafios ainda maior. Este fato não significa que os pais também não enfrentem desafios, porém, é conhecido que na maioria das vezes, estas mulheres, em muitos momentos, deixam as carreiras para que seus filhos possam ter acesso a todas as terapias necessárias para o desenvolvimento adequado.
A diferença de gênero no sofrimento psicológico dos pais depende da necessidade das crianças. O comprometimento social da criança exerce efeitos significativos sobre o sofrimento psicológico das mães e o estresse parental contribui para a ansiedade e depressão de ambos os pais.
Pesquisas indicam que as mães, de vários países do mundo, de crianças com autismo têm níveis significativamente mais altos de estresse, e pior qualidade de vida, do que mães de crianças com desenvolvimento típico, com fatores de estresse caindo no percentil 99 para mães de crianças com TEA, em comparação com o percentil 40 vivenciadas por mães de crianças com desenvolvimento típico.
Os desafios e estresses que as mães sofrem durante a criação de crianças e adolescentes com TEA podem afetar negativamente as famílias no contexto emocional, social e financeiro. Algumas dificuldades que as mães experimentam incluem comportamentos desafiadores das crianças, sobrecarga do cuidador e depressão materna. Portanto, esse estresse costuma ser maior nas famílias que criam filhos com TEA do que outras famílias.
Além da sobrecarga do cuidador, as mães de crianças com TEA correm maior risco de depressão. Por exemplo, Smith et al. (2008) estudou 153 mães de crianças com TEA e 201 mães de adolescentes com TEA e encontraram que mais de um terço de ambos os grupos estavam em alto risco de depressão. A semelhança de pontuações pode indicar que o tempo decorrido desde o diagnóstico não reduziu os sintomas depressivos das mães.
Depressão e baixo funcionamento familiar em mães de crianças com TEA são duas vezes maiores do que em mães de crianças com Síndrome de Down e crianças com desenvolvimento típico. Os resultados destacam a importância da triagem para depressão.
Mães com relacionamentos sociais mais diversificados experimentaram reduções nos sintomas de depressão e ansiedade ao longo do tempo.
Seria importante que os profissionais de saúde pudessem se concentrar em determinar as necessidades das famílias para planejar e implementar programas sociais apropriados.
Assim, é importante que os pais de crianças e adolescentes TEA possam ter apoio! A família também precisa de ajuda terapêutica. Aqui, vale o comportamento do avião: primeiro coloque a máscara em você e depois auxilie o outro. Os pais precisam estar bem para acompanhar e manter os cuidados e terapias dos filhos.
Peçam ajuda!
Referências:
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Jackeline Malheiros é Doutora em Neurologia/Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo. Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Bacharel em Física Médica e Graduanda em Psicologia. Professora de cursos de pós-graduação. Ministra palestras sobre temas que envolvem Neurociências, desenvolvimento humano e educação.